A taxa de caminhabilidade do seu bairro ou cidade contribui para sua qualidade de vida. Confira:
Walkability, ou caminhabilidade, em tradução literal, é um conceito que propõe um modelo de região, seja uma cidade ou um bairro, mais sustentável, com foco nas pessoas e na facilidade para caminhar pelo ambiente urbano. Se você quer saber mais sobre essa expressão, continue lendo este texto!
Com a popularização dos automóveis, muitos centros urbanos passaram a ser planejados tendo o carro como o grande protagonista, deixando de lado a preocupação com os pedestres e outros veículos não motorizados, como as bicicletas.
Foi assim que surgiu o conceito de Walkability.
Mas o que é Walkability?
De maneira geral, walkability é um conceito de mobilidade urbana sustentável que avalia quão amigável é uma região para quem mora e transita por ela. É a percepção que os indivíduos têm sobre a acessibilidade, a mobilidade urbana e o transporte sustentável de uma localidade.
São inúmeros os fatores que indicam a walkability de uma região, como: largura e qualidade das calçadas; arborização; segurança; oferta de serviços; presença de equipamentos urbanos; desenvolvimento de sistemas eficazes de saneamento básico; possibilidade e integração de acesso ao transporte público; sinalização, como faixas de pedestres e semáforos; iluminação, entre outros.
Caminhar não significa eliminar carros de uma cidade, mas criar um equilíbrio perfeito entre pedestres, ciclistas, transporte público e veículos particulares.
De acordo com o Walkable and Livable Communities Institute, as cidades caminháveis consideram as pessoas no centro do design e da infraestrutura. Como consequência à adoção de tais medidas está a melhoria da saúde pública de tal local, visto que quanto mais pedestres caminhando, com qualidade de vida, menos automóveis nas ruas e, consequentemente, acontece uma redução da emissão de gases poluentes na atmosfera e dos congestionamentos.
Várias cidades no mundo têm adotado o conceito ou começaram a dar os primeiros passos para a implantação de modelos de planejamento urbano com foco em otimizar a caminhabilidade dos locais. Como destaque, podemos citar a cidade de Jundiaí, que investiu bastante em walkability nos últimos anos e o próprio Rio de Janeiro, com a viabilização do passeio público da Avenida Rio Branco, no Centro, retirando os carros do local e abrindo espaço para pedestres e ciclistas. Em Recife, a prefeitura vem desenvolvendo projetos que melhorem a andabilidade, como a Calçada Legal – que busca requalificar 134 quilômetros de calçadas e 56 mil metros quadrados em várias partes da cidade.
O que torna um lugar “caminhável”?
O conceito de walkability inclui as seguintes características:
- Útil: a maioria dos serviços está disponível a curtas distâncias, com boa organização e oferta variada.
- Seguro: as ruas devem transmitir segurança para os pedestres e terem baixas taxas de acidentes.
- Confortável: as ruas devem oferecer conforto térmico e acessibilidade para todos.
- Bonita: as calçadas devem conectar o indivíduo a um ambiente esteticamente agradável, com maior contato com a natureza.
Novo Urbanismo
A caminhabilidade não é um paradigma que surgiu recentemente. Ele tem sido estudado desde o final dos anos 80 e é fundamental para que haja uma mudança no planejamento urbano das cidades, tornando-as mais sustentáveis e humanas.
Autodeclarado um movimento unido em torno da ideia de que o ambiente físico pode ter impacto direto no oferecimento de vidas mais prósperas e felizes aos habitantes, o Novo Urbanismo surgiu enquanto conceito nos Estados Unidos no início da década de 1990 e se consolidou, por meio dos Congressos do Novo Urbanismo (CNU), realizados anualmente desde 1993.
O Novo Urbanismo contempla, além do conceito de caminhabilidade, outras questões para o resgate da qualidade de vida e melhor relacionamento entre o homem e a cidade. De acordo com os princípios do Novo Urbanismo, é essencial a reconquista da rua como um lugar de encontro, bem-estar e convivência entre os pedestres.
Para projetar locais mais acolhedores para os pedestres, é fundamental que os espaços sejam redesenhados para alcançar um equilíbrio – o que muitas vezes ocasiona na restrição do espaço de automóveis. Plantar mais árvores, construir mais calçadas e ciclovias e estabelecer novas zonas de lazer também são ferramentas que impactam diretamente na caminhabilidade.
Política Nacional da Mobilidade Urbana
Sancionada em 2012, a Política Nacional de Mobilidade Urbana tem relação direta com o conceito de walkability. Isso porque visa a integração de meios de transporte e a otimização em termos de mobilidade e acessibilidade, aprimorando a “caminhabilidade” dos espaços urbanos. Essa política defende que as ruas devem ser ambientes de encontro, convivência e bem-estar.
Walkscore
Em 2007, dois profissionais da área de tecnologia fundaram uma empresa chamada Walkscore (que, em tradução literal, significa “pontuação de caminhada”), em Seattle, Washington. A empresa, que hoje pertence à Redfin, foi a responsável por desenvolver a métrica que hoje é padrão para medir a walkability de um lugar. O walkscore é uma pontuação única utilizada para avaliar quão caminhável um determinado local, bairro ou cidade, através de um algoritmo que analisa alguns fatores como comprimento de bloco, dificuldades de interseção e assim por diante, resultando em uma única pontuação que pode ser usada para fins de comparação.
Hoje, além do próprio site da Walkscore, é possível encontrar alguns outros portais internacionais utilizando o medidor – como Apartaments.com, ZIllow, Redfin, Zumper, entre outros.
Um walkscore pode ser:
- 90-100: A pontuação mais alta, o paraíso dos pedestres. Um lugar onde todas as tarefas diárias não exigem um automóvel.
- 70-89: Muito caminhável. A maioria das tarefas pode ser realizada a pé.
- 50-69: Pouco caminhável. Algumas tarefas podem ser realizadas a pé.
- 25-49: O local depende de um automóvel. A maioria das tarefas requer um carro para ser executada.
- 0-24: O local depende de um automóvel. Quase todas as tarefas exigem um carro para serem concluídas.
“Acho que quando falamos dos próximos cinco, dez, quinze anos, é sobre celebrar essa vida na rua. Todos acham que veículos autônomos serão a próxima onda, mas um carro é um carro. Seja seu carro pessoal, Uber ou um veículo autônomo, ainda é um carro. E o propósito da mobilidade não é dar espaço para os carros, mas fazer cidades melhores” – Janette Sadik-khan, ex-secretária de transportes da cidade de Nova Iorque (2007-2013), que em sua gestão transformou quase um milhão de metros quadrados da cidade em áreas exclusivas para ciclistas e pedestres.
O Horto Boulevard
O Horto Boulevard foi desenvolvido pensando em, entre inúmeros fatores, melhorar a andabilidade na região, ampliando seu walkscore e, consequentemente, a qualidade de vida para quem mora ou transita por ali. Saiba mais sobre o Horto Boulevard aqui.